sábado, 30 de janeiro de 2010

The Who - Live at the Isle of Wight Festival '70

 "Take a little dope
And walk out in the air
The stars are all connected to the brain.
Find me a woman and lay down on the ground,
Her pleasure comes falling down like rain,
Get myself a car, I feel power as I fly,
Oh now I'm really in control,
It all looks fine to the naked eye,
But it don't really happen that way at all,
Don't happen that way at all."
"You sign your own name and I sign mine,
They're both the same but we still get separate rooms,
You can cover up your guts but when you cover up your nuts,
You're admitting that there must be something wrong,
Press any button and milk and honey flows,
The world begins behind your neighbor's wall,
It all looks fine to the naked eye,
But it don't really happen that way at all,
Nah nah no, don't happen that way at all. (...)"

Aeee, senta que lá vem história! Hoje eu trouxe um dos meus discos preferidos que poderá ser ouvido no volume máximo, rippado do cd original pra mp3 em qualidade máxima(320kbps/VBR) por mim mesmo. O show completo do The Who num festival não tão conhecido quanto o Woodstock porém tão importante quanto, por onde passaram também Hendrix; Jethro Tull; Emerson, Lake and Palmer; Doors; Ten Years After; Joni Mitchel, Miles Davis e mais uma pancada de músicos. Também nesse festival derrubaram as cercas e entraram sem pagar, tumultos e confusões para garantir o direito de ir e vir. O que poderia muito bem acontecer hoje nesses festivais em que se paga duzentas libras para entrar, não é a primeira vez que escrevo algo assim.
O show começou as duas da manhã do dia 29 de agosto(penúltimo dia) depois das apresentações de Miles Davis, EL&P e contou com uma audiência de 600.000 pessoas pagantes e não-pagantes, como diz o Townshend ao anunciar a música "Young Man Blues": "Blues for all you people that paid to get in"... não sei bem se ele quis ser irônico com os que pagaram ou se isso foi uma crítica aos que não pagaram... Os quatro integrantes da banda, Townshend, Moon, Entwistle e Daltrey estavam no auge de suas capacidades no palco, na fase que muitos consideram a melhor do Who devido a esse show e ao Live at Leeds.
Sem dúvida é o melhor ano do baterista Keith Moon, assistindo o dvd você percebe que a hiperatividade dele está ultrapassando os limites, isso combinado com a quantidade de droga que ele deve ter ingerido deve ter trazido um surto eufórico que o permitiu tocar como nunca. Moon bebia em um copo com um líquido transparente, fazia chafariz com a boca devolviao destilado(provavelmente com muitas gotas) pro copo e bebia denovo.
Como sempre eles começam com "Heaven and Hell", escrita por Entwistle(nota-se pelas linhas de baixo), o Moon já mantém aquela base em que mais se ouve viradas do que a base em si, e o Townshend manda um solo a lá Hendrix(como eu já disse aqui) e, pelo que descobri há pouco, era sempre a música que abria os shows para servir de checagem de som, sem dúvida, se dá pra tocar essa é por que os intrumentos e amplificadores realmente estão ok. Depois "I Can't Explain" que foi um dos singles de maior sucesso, tocado ao vivo por mais de 25 anos e até hoje. "Young Man Blues" em uma excelente performance que dispensa comentários seguida de "I Don't Even Know Myself", uma música relativamente suave dentro desse setlist. Depois "Water", aí sim, um dos momentos mais importantes do show, música do Townshend feita em homenagem ao festival Woodstock que rendeu um dos melhores solos de guitarra em uma base simples e bem trabalhada com uma virada de bateria(que aparece em alguns momentos) muito fina. Antes de tocá-la, quem anuncia é Daltrey que começa a fazer graça imitando o sôtaque americano de se falar Water(uarêr, em vez de uatêr como fazem os britânicos), nisso o Townshend também brinca, mas o Moon, ahh ele não sabe parar, até que Townshend resolve fingir que está batendo nele e termina dizendo "They're always causin' trouble" até que finalmente a música começa.
Depois dela é hora de anunciar o "Tommy", Pete diz um monte de groselha que já deixa Keith alterado e diz que vai começar aquilo pelo qual todos vieram para ver, e é interrompido por Keith dizendo que não veio pra isso, Pete responde: "But your paid too, and if your not there, there will be trouble"...a resposta: "I'm in know" / Pete: "Good! This is the overture and we expect Keith Moon, a conductor, to be for the overture of Tommy the rock opera" ..... Depois Moon começa a mandar a platéia ficar quieta dizendo: "Rock Opera! Rock Opera! Very Serious!", dando com a baqueta na borda de metal e causando risos. Pete diz: "When you got then quiet Keith, I'll count it... I say they're quiet as they're gonna be" ... Moon insiste: "Rock opera is coming, shut up will you?"... enfim começa.
Também não vou me demorar nos comentários sobre o Tommy, já fiz isso noutro post, só deixo destaque para as melhores dessa apresentação: "Overture", "1921", Amazing Journey", "Sparks"(essas duas faixas só existem no CD, provavelmente por que o vídeo delas deve estar danificado ou qualquer coisa, grande pena), "Christmas", "I'm Free" e "We're Not Gonna Take It" que termina com "Listening to you" de maneira transcedental, em meio a platéia dezenas de mãos fazendo o sinal de "paz & amor", o solo de Townshend simples e alto e a voz de Daltrey encantando a todos. Na entrevista que consta no dvd, Pete diz que sentia uma conexão espiritual com a platéia nesse exato momento, realmente a póstura de todos é de vislumbre, tanto da platéia como da banda.
Acho que só esqueci de citar que na parte que Daltrey canta "Hey you smokin mother nature" a camera mostra um maluco no meio da marofa e antes de começar o Tommy(se não me engano), Keith grita "More beer for me" para alguém do staff, enfim, cultura inútil.
Bom, depois do Tommy ainda vem mais, destaques para "Summertime Blues", sempre muito bem tocada, e o medley "Shakin all Over/Spoonful/Twist and Shout", as duas últimas partes respectivamente cover do Cream, que na verdade já era cover, se não me engano do Howlin Wolf, e cover dos Beatles, que aqui entre nós supera muito a versão original. Depois uma das melhores versões de "My Generation" com um belo e longo improviso que culmina na volta de "Water"... "Naked Eye" é outra daquelas que dispensa comentários, se por acaso o solo de "Water" é o melhor, o de "Naked Eye" é o segundo melhor. A letra é muito brisa e inteligente, a base é daquelas que dá vontade de aprender a tocar e as passagens mais lentas dão a essa música o requinte de excelência, não bastasse tudo isso nessa performance eles ainda atingem aquilo que fazem de melhor, aceleradas frenéticas com solos de baixo em meio a acordes violentos e baquetadas hiperativas. Sem dúvida uma de minhas preferidas.
Terminamos o show com "Magic Bus", um sucesso genial cujas performances ao vivo nunca são uma igual a outra, cada versão tem uma pegada diferente, as vezes puxada mais pro ritmo, as vezes mais pro solo, as vezes mais pra gaita de Daltrey, essa foi puxada bem pro ritmo.

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Qualidade de Áudio: 10
Qualidade Musical: 10
Grau de Loucura: 10

Setlist:
Disco I:
1. Heaven and Hell
2. I Can't Explain
3. Young Man Blues
4. I Don't Even Know Myself
5. Water
6. Overture
7. It's a Boy
8. 1921
9. Amazing Journey
10. Sparks
11. Eyesight to the Blind (The Hawker)
12. Christmas
Disco II:
1. The Acid Queen
2. Pinball Wizard
3. Do You Think It's Allright
4. Fiddle About
5. Tommy Can You Hear Me?
6. There's a Doctor
7. Go to the Mirror
8. Smash the Mirror
9. Miracle Cure
10. I'm Free
11. Tommy's Holiday Camp
12. We're Not Gonna Take It
13. Summertime Blues
14. Shakin' All Over
15. Substitute
16. My Generation
17. Naked Eye
18. Magic Bus

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Movimento Psicodália & Terreno Baldio(1976)


Esse é um post especial dedicado ao que chama-se Movimento Psicodália, estivemos lá Ibiaçu, Preto(Rodrigo), Luiz e eu. Vai ser impossível lembrar de tudo e vou levar horas pra escrever assim como você vai demorar pra ler, mas vamo aí na atenção flutuante. As porteiras da fazenda Evaristo abriam as 12h do dia 30 de dezembro, partimos de São Paulo as 4 da manhã e chegamos em Rio Negrinho-SC as 12h30, ou algo assim. O lugar era bem arborizado e a estrutura pelo menos pra mim tava de bom tamanho. Banheiros com água quente, espaço para camping não faltaria jamais, conveniente chegar cedo pra escolher um bom lugar, quiosques para oficinas, vendinhas de roupas, vinil, artesanato e CDs e EPs das bandas do festival e alimentação variada.
As oficinas aconteciam durante e agradavam a todos os públicos, principalmente as crianças que acamparam com os pais, como me disse um casal com duas filhinhas quando eu elogiei a atitude de levá-las: "Pelo menos a gente tá plantando a semente!"(risos). Também teve uma oficina chamada "Músicas do Mundo" que pude participar onde aprendi e ouvi muita coisa boa, realmente aqueles caras tinham CDs com sons de tudo quanto é canto, já me comprometi há tempos a escrever sobre músicas tradicionais e o poder dos sons, principalmente oriental, um dia eu escrevo e posto.

(Clique na foto para ampliar)

Pelo que entendi haviam dois palcos, pois é(risos), um que ficava logo em frente ao "saloon", ponto de venda de bebida, um grande salão fechado onde a galera socializava e também rolava coisas programadas como o Teatro Psicodélico de Fantoches, com uma trilha que ia desde AC/DC passando por Pink Floyd e repleta de Beatles(se eu conseguir um vídeo do teatro, posto aqui), e coisas não-programadas como uma batucada brutal dos percussionistas presentes; as jams com violão e o que fosse de instrumento e instrumentista que aparecesse, álias, na verdade jams lá aconteciam em qualquer lugar e o tempo todo, o Ibiaçu compôs uma música que foi batizada de Psicodália, fez com uns camaradas lá vizinhos de barraca numa sentada só e ficou muito boa! O maluco da banda Mescalha, Henrique Medina tocava muito também no saloon, mandou vários Doors, Mutantes, acompanhado de outros dois que eu não lembro o nome que mandavam bem também, o show da banda Mescalha(Paraná, http://www.myspace.com/bandamescalha) foi bem loco nas músicas deles fazem usos de efeitos que dão uma pegada psicodélica sem deixar de ser rock 'n' roll, deu pra ver que eles curtem muito Doors e incorporaram muito deles.
Porra, tem muito show que eu gostaria de ver denovo, o Pata de Elefante(http://www.patadeelefante.com/), na minha opinião a melhor banda do festival depois dos Mutantes(beleza, comparação infeliz). O Pata surpreendeu mais ainda tocando "Dor de Siso", uma das nossas favoritas, do primeiro álbum e que eles não tocavam ao vivo há três anos, nem parecia. "Dor de Siso" traz acelerações cada vez maiores de ritmo intercaladas com a melódia devagar da música, esses dois elementos acabam por entortar seu cérebro, durante a performance, cada vez é um dos três que traz um arranjo(daqueles que evocam novas dimensões) para puxar a virada que acelera o ritmo ainda mais, chegando a um ponto que o baixo é uma coisa sobrehumana, a guitarra chega na nota mais alta e a bateria parece que vai estourar. E mais surpreendente ainda foi "Isto é o que eu tenho pra dizer", que eu já havia visto ao vivo duas vezes, mas dessa foi ainda melhor, sem brincadeira, quem sabe ainda vai rolar um post especial sobre o Pata aqui.


Zé Trindade(Minas Gerais, http://www.myspace.com/zetrindademg), um power trio que envolve influências dos anos 70, posso dizer de boca cheia que vendo eles tocar lembrei do Cream, BBA, Led Zeppelin, até Hendrix. Durante o show parecia que eles iam ficando cada vez mais introsados e mostrando improvisos absurdos. Mas eles também não deixam de lado uma pegada brasileira, com letras caipiras engraçadas e ritmos dedilhados no violão muito finos. Uma das músicas foi apresentada pela boca do próprio baterista como uma homenagem ao Led e ao bonzo, não me lembro o nome, cabulosa, outra também muito louca chamava-se Jimi Renda-se, mas o "Blues das Pererecas" é obrigatório! O Pretôncio até comprou o CD, então podem esperar por um post.
Mas voltando um pouco, dia 30 já começou bem com uma banda de blues muito boa, Eletric Trip(www.myspace.com/etblues), influenciados pelos anos 60, Hendrix, Canned Heat, Freddie King e Johnny Winter.
Por outro lado haviam duas bandas de progressivo que se destavacam muito, uma é a paulistana Massahara(http://www.myspace.com/massahara), um som muito frito e pesado(o Preto vai postar depois também), ouvi dizer que o baterista que tocou no Psicodália é outro não tão bom quanto o anterior e que talvez a banda viesse a acabar por conta disso e outros problemas, torçamos para que não... e a outra delas estou colocando pra download hoje, Terreno Baldio(http://www.terrenobaldio.com.br/) fez o último show do último dia do Psicodália as 16h, banda dos anos 70 conhecida como o Gentle Giant e Jethro Tull brasileiro, só músicos excepcionais fritando com letras "despertantes", muita harmonia carregada de psicodelismo, solos virtuosos de subidas e descidas saltadas impecavelmente em meio a melodias cheias de felling por parte do guitarrista Mozart Mello, João Kurk faz o vocal atingindo agudos que combinam bem com a música, como se não bastasse ainda tem um teclado foda por conta de Roberto Lazzarini e o violino de Cássio Poleto, a bateria Edson Ghilardi e as psicodélicas linhas de contrabaixo são de Renato Muniz ; o consagradíssimo álbum de 1976 está aqui hoje para download, todas as faixas são muito boas, destaques para "Água que corre", "Este é o lugar", "A Volta", "Grite" e "Loucuras de amor"; com certeza eles brisavam no livro "A Poética do Espaço" do filósofo Bachelard(risos). Poderia ficar horas escrevendo e lembrando de muitas bandas ainda que marcaram presença, mas melhor não forçar tanto a memória e torcer pela permanência da arte.




















Setlist:
01. Pássaro Azul
02.Loucuras de Amor
03.Despertar
04. Água que corre
05. A volta
06. Quando as coisas ganham vida
07. Este é o lugar
08. Grite
(320kbps)
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Ia colocar ainda um prometido disco do The Who ao vivo, mas fica pra outra por que eu sei que vai outro texto gigante junto e eu não falei nem de um terço das bandas do Psicodália. Então vou deixar umas fotos que eu selecionei do Jhoni Olinger e da Patrícia Soransso, uma das quais eu apareço perdido. Dezenas de fotos e vídeos podem ser vistas no site do Psicodália(http://www.psicodalia.mus.br/) ou no orkut do Olinger. Deixo também um vídeo da grande atração do festival, Os Mutantes tocando "Tecnicolor" no segundo dia do ano, gravação de um doido da platéia, mas em boa qualidade; cá entre nós o Sérgio Dias mandou ver, nem disse nada sobre eles porque seria desnecessário, simplesmente orgulho de ser brasileiro. Um abraço, muita paz e luz pra todos e até mais ver.